Editorial

Escrever é desvendar as experiências em que se vai reconhecer e recriar, desvendar as palavras, organizar o pensamento para iluminar nossa compreensão da vida e de nossas posições no mundo. A escrita é uma bolsa de relíquias onde podemos entender a alma do ser humano, onde podemos nos libertar através de palavras.

Bolsa de relíquias é o significado da palavra que dá nome a este blog. ‘Nômina’ sintetiza o trabalho dos jovens escritores que têm aqui seus textos publicados.

Apresentamos-lhe vários trabalhos que vão de painéis de grandes escritores brasileiros, passando por resenhas sobre uma das maiores e mais polêmicas cantoras da atualidade, artigo sobre o filme onde o protagonista é obcecado pela escrita; relatório sobre o texto de Ângela Torres Lima; entrevista com um funcionário da Faculdade de Letras da UFMG sobre seu conhecimento literário; texto com o tema ‘o trabalho’; ensaio fotográfico do ambiente onde os alunos participam do curso de Letras; texto contando a experiência de cada integrante do grupo com a Oficina de língua portuguesa ministrada pela Professora Doutora Vênus Brasileira Couy até artigos sobre literatura, música, sobre a arte de escrever.

Esta bolsa está aberta, você perceberá muitas qualidades em diferenciados tipos de textos, trabalhos que de forma sutil buscaram expressar a arte de escrever. Esperamos que goste das nossas relíquias!

sábado, 26 de maio de 2012

Bienal do Livro Minas 2012

A Bienal do Livro Minas 2012, é um grande encontro da literatura.
O Expominas recebeu, entre os dias 18 e 25 de maio de 2012, a Bienal do Livro de Minas. Foram dezenas de expositores em uma feira que reuniu leitores, profissionais do livro, professores e bibilotecários, estudantes de Letras, entre outros. 
Com uma programação super diversificada,  Café Literário, Arena Jovem, Circo das Letras, Goleada Literária e Arena Poética. 
Infelizmente o EVENTO FOI CANCELADO NOS DIAS 26 E 27.
Os organizadores da Bienal do Livro decidiram cancelar o evento depois que parte do teto do Expominas desabou, devido às fortes chuvas de sexta-feira (25). O local permanece fechado até que seja feita uma avaliação completa de riscos de novos acidentes. Os realizadores do evento informaram, por meio de nota enviada à imprensa, que contam com a compreensão do público.

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Estande "Polos de leitura de MG", da Biblioteca comunitária Livro Aberto. Exposição de livros, cochicho poético e meditação de leitura.  Em 25 de maio de 2012.



Rubem Braga


"Tudo o que nos separava subitamente falhou". 



"Sempre tenho confiança de que não serei maltratado na
porta do céu, e mesmo que São Pedro tenha ordem
para não me deixar entrar, ele ficará indeciso
quando eu lhe disser em voz baixa:
"Eu sou lá de Cachoeiro..."

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Rubem Braga, considerado por muitos o maior cronista brasileiro desde Machado de Assis, nasceu em Cachoeiro de Itapemirim, ES, a 12 de janeiro de 1913. Iniciou seus estudos naquela cidade, porém, quando fazia o ginásio, revoltou-se com um professor de matemática que o chamou de burro e pediu ao pai para sair da escola. Sua família o enviou para Niterói, onde moravam alguns parentes, para estudar no Colégio Salesiano. Iniciou a faculdade de Direito no Rio de Janeiro, mas se formou em Belo Horizonte, MG, em 1932, depois de ter participado, como repórter dos Diários Associados, da cobertura da Revolução Constitucionalista, em Minas Gerais — no front da Mantiqueira conheceu Juscelino Kubitschek de Oliveira e Adhemar de Barros.


Na capital mineira se casou, em 1936, com Zora Seljan Braga, de quem posteriormente se desquitou, mãe de seu único filho Roberto Braga.
Foi correspondente de guerra do Diário Carioca na Itália, onde escreveu o livro "Com a FEB na Itália", em 1945, sendo que lá fez amizade com Joel Silveira. De volta ao Brasil morou em Recife, Porto Alegre e São Paulo, antes de se estabelecer definitivamente no Rio de Janeiro, primeiro numa pensão do Catete, onde foi companheiro de Graciliano Ramos; depois, numa casa no Posto Seis, em Copacabana, e por fim num apartamento na Rua Barão da Torre, em Ipanema.
Sua vida no Brasil, no Estado Novo, não foi mais fácil do que a dos tempos de guerra. Foi preso algumas vezes, e em diversas ocasiões andou se escondendo da repressão.
Seu primeiro livro, "O Conde e o Passarinho", foi publicado em 1936, quando o autor tinha 22 anos, pela Editora José Olympio. Na crônica-título, escreveu: "A minha vida sempre foi orientada pelo fato de eu não pretender ser conde." De fato, quase tanto como pelos seus livros, o cronista ficou famoso pelo seu temperamento introspectivo e por gostar da solidão. Como escritor, Rubem Braga teve a característica singular de ser o único autor nacional de primeira linha a se tornar célebre exclusivamente através da crônica, um gênero que não é recomendável a quem almeja a posteridade. Certa vez, solicitado pelo amigo Fernando Sabino a fazer uma descrição de si mesmo, declarou: "Sempre escrevi para ser publicado no dia seguinte. Como o marido que tem que dormir com a esposa: pode estar achando gostoso, mas é uma obrigação. Sou uma máquina de escrever com algum uso, mas em bom estado de funcionamento." 
Foi com Fernando Sabino e Otto Lara Resende que Rubem Braga fundou, em 1968, a editora Sabiá, responsável pelo lançamento no Brasil de escritores como Gabriel Garcia Márquez, Pablo Neruda e Jorge Luis Borges.
Segundo o crítico Afrânio Coutinho, a marca registrada dos textos de Rubem Braga é a "crônica poética, na qual alia um estilo próprio a um intenso lirismo, provocado pelos acontecimentos cotidianos, pelas paisagens, pelos estados de alma, pelas pessoas, pela natureza."
A chave para entendermos a popularidade de sua obra, toda ela composta de volumes de crônicas sucessivamente esgotados, foi dada pelo próprio escritor: ele gostava de declarar que um dos versos mais bonitos de Camões ("A grande dor das coisas que passaram") fora escrito apenas com palavras corriqueiras do idioma. Da mesma forma, suas crônicas eram marcadas pela linguagem coloquial e pelas temáticas simples.
Como jornalista, Braga exerceu as funções de repórter, redator, editorialista e cronista em jornais e revistas do Rio, de São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e Recife. Foi correspondente de "O Globo" em Paris, em 1947, e do "Correio da Manhã" em 1950. Amigo de Café Filho (vice-presidente e depois presidente do Brasil) foi nomeado Chefe do Escritório Comercial do Brasil em Santiago, no Chile, em 1953. Em 1961, com os amigos Jânio Quadros na Presidência e Affonso Arinos no Itamaraty, tornou-se Embaixador do Brasil no Marrocos. Mas Braga nunca se afastou do jornalismo. Fez reportagens sobre assuntos culturais, econômicos e políticos na Argentina, nos Estados Unidos, em Cuba, e em outros países. Quando faleceu, era funcionário da TV Globo. Seu amigo Edvaldo Pacote, que o levou para lá, disse: "O Rubem era um turrão, com uma veia extraordinária de humor. Uma pessoa fechada, ao mesmo tempo poeta e poético. Era preciso ser muito seu amigo para que ele entreabrisse uma porta de sua alma. Ele só era menos contido com as mulheres. Quando não estava apaixonado por uma em particular, estava apaixonado por todas. Eu o levei para a Globo... Ele escrevia todos os textos que exigiam mais sensibilidade e qualidade, e fazia isto mantendo um grande apelo popular."

Bibliografia:
CRÔNICAS:
- O Conde e o Passarinho, 1936 
- O Morro do Isolamento, 1944
- Com a FEB na Itália, 1945
- Um Pé de Milho, 1948
- O Homem Rouco, 1949
- 50 Crônicas Escolhidas, 1951
- Três Primitivos, 1954
- A Borboleta Amarela, 1955
- A Cidade e a Roça, 1957
- 100 Crônicas Escolhidas, 1958
- Ai de ti, Copacabana, 1960
- O Conde e o Passarinho e O Morro do Isolamento, 1961
- Crônicas de Guerra - Com a FEB na Itália, 1964
- A Cidade e a Roça e Três Primitivos, 1964
- A Traição das Elegantes, 1967
- As Boas Coisas da Vida, 1988
- O Verão e as Mulheres, 1990
- 200 Crônicas Escolhidas
- Casa dos Braga: Memória de Infância (destinado ao público juvenil)
- 1939 - Um episódio em Porto Alegre (Uma fada no front), 2002
- Histórias do Homem Rouco
- Os melhores contos de Rubem Braga (seleção Davi Arrigucci)
- O Menino e o Tuim
- Recado de Primavera
- Um Cartão de Paris
- Pequena Antologia do Braga
ROMANCES:
- Casa do Braga
ADAPTAÇÕES:
- O Livro de Ouro dos Contos Russos

- Os Melhores Poemas de Casimiro de Abreu (Seleção e Prefácio)

- Coleção Reencontro Audiolivro - Cirano de Bergerac - Edmond Rostand

- Coleção Reencontro: As Aventuras Prodigiosas de Tartarin de Tarascon Alphonse Daudet

- Coleção Reencontro: Os Lusíadas - Luis de Camões (com Edson Braga)
TRADUÇÃO:
Antoine de Saint-Exupéry - Terra dos Homens.
SOBRE O AUTOR:
- Na Cobertura de Rubem Braga - João Castello
- Rubem Braga - Jorge de Sá
- Rubem Braga - Um cigano fazendeiro do ar - Marco Antonio de Carvalho

Visite a casa do autor em www.overmundo.com.br/guia/casa-dos-braga

No volume publicado, também de crônicas, "As Coisas Boas da Vida", em 1988,Rubem Braga enumera, no texto que dá título ao livro "as dez coisas que fazem a vida valer a pena". A última delas: "Pensar que, por pior que estejam as coisas, há sempre uma solução, a morte — o assim chamado descanso eterno".

Dados obtidos em sítios da Internet, livros do autor e em trabalhos realizados por Luciano Trigo e João Máximo no jornal "O Globo".

Fernando Sabino


"De tudo, ficaram três coisas: a certeza de que ele estava sempre começando, a certeza de que era preciso continuar e a certeza de que seria interrompido antes de terminar. Fazer da interrupção um caminho novo. Fazer da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sono uma ponte, da procura um encontro".  Fernando Sabino
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Nos seus escritos, Fernando Sabino explorava o dia a dia com senso de humor, colhendo de fatos cotidianos lições de vida, graça e beleza. Começou a escrever crônicas quando tinha apenas 14 anos, e seu primeiro livro, “Os grilos não cantam mais”, foi publicado em 1941, com apenas 18 anos.


O “Encontro Marcado”, uma de suas obras mais conhecidas, foi lançado em 1956, ganhando edições até no exterior, além de ser adaptado para o teatro. Em 1960, publicou o livro “O Homem Nu”, e em 1962, “A mulher do vizinho”, que recebeu o Prêmio Fernando Chinaglia, do Pen Club do Brasil.


Em 1979, publicou outro romance de sucesso, “O Grande Mentecapto”, iniciado mais de 30 anos antes. A obra, que lhe rendeu o Prêmio Jabuti, foi adaptada para o cinema, com direção de Oswaldo Caldeira, em 1989, e também para o teatro. Em julho de 1999, recebeu, da Academia Brasileira de Letras, o prêmio Machado de Assis, pelo conjunto de sua obra.


“A obra de Fernando Sabino é vasta e tem várias portas de entrada, todas elas garantia de prazer. A você que ainda não leu o escritor mineiro, sugiro que comece pelo mais leve — pelas crônicas, gênero em que ele foi um grande mestre. A primeira incursão pode ser nas páginas de “O homem nu”, um livro de 1960 que meio século depois continua tendo sabor de novidade. Essa coletânea de histórias divertidas certamente vai abrir seu apetite para novas leituras sabinianas. Vá – por exemplo – por aqui: “A mulher do vizinho”, “A inglesa deslumbrada”, “A falta que ela me faz” e “O gato sou eu”. O percurso, daí por diante, fica por sua conta, sempre na certeza de todas os livros de crônicas de Fernando Sabino são deliciosos. Aberto o caminho, e sem esperar que se esgote a lista de livros de crônicas, enverede pelos romances de Sabino. Experimente fazer, nesta ordem, uma viagem em que a qualidade vai aumentando: “O menino no espelho”, “O grande mentecapto” e, finalmente, “O encontro marcado”, que vem a ser a obra-prima do escritor mineiro. Os livros que citei aqui estão longe de esgotar a bibliografia dele. Agora, é com você!”
Humberto Werneck


Conheça todas as obras desse grande escritor mineiro:


 Os grilos não cantam mais – contos (1941, Pongetti)
 A marca – novela (1944, José Olympio)
 A cidade vazia – crônicas sobre Nova York (1950, O Cruzeiro)
 A vida real – novelas (1952, Editora A Noite)
 O encontro marcado – romance (1956, Civilização Brasileira)
 O homem nu – crônicas (1960, Editora do Autor)
 A mulher do vizinho – crônicas (1962, Editora do Autor)
 A companheira de viagem – crônicas (inclusive crônicas de viagens) (1965, Editora do Autor)
 A inglesa deslumbrada – crônicas (inclusive crônicas de viagens) (1967, Sabiá)
 Gente – crônica sobre personalidades com quem Fernando Sabino teve contato (1975, Record)
 Deixa o Alfredo falar! – crônicas (1976, Record)
 O Encontro das Águas – crônicas sobre uma viagem à cidade de Manaus/AM (1977, Record)
 O grande mentecapto – romance (1979, Record)
 A falta que ela me faz – crônicas (1980, Record)
 O menino no espelho – romance (1982, Record)
 O Gato Sou Eu – crônicas (1983, Record)
 Macacos me mordam (1984, Record)
 A vitória da infância (1984, Editora Nacional)
 A faca de dois Gumes – novelas (1985, Record)
 O Pintor que pintou o sete (1987, Berlendis & Vertecchia)
 Martini Seco (1987, Ática)
 O tabuleiro das damas – autobiografia literária (1988, Record)
 De cabeça para baixo – crônicas de viagens (1989, Record)
 A volta por cima – crônicas (1990, Record)
 Zélia, uma paixão – biografia (1991, Record)
 O bom ladrão – novela (1992, Ática)
 Aqui estamos todos nus (1993, Record)
 Os restos mortais (1993, Ática)
 A nudez da verdade (1994, Ática)
 Com a graça de Deus (1995, Record)
 O outro gume da faca – novela (1996, Ática)
 Um corpo de mulher (1997, Ática)
 O homem feito novela (originalmente publicada no volume A vida real, cf. acima) (1998, Ática)
 Amor de Capitu – recriação literária (1998, Ática)
 No fim dá certo – crônicas (1998, Record)
 A chave do enigma (1999, Record)
 O galo músico (1999, Record)
 Cara ou coroa? (2000, Ática)
 Duas novelas de amor – novelas (2000, Ática)
 Livro aberto – Páginas soltas ao longo do tempo – crônicas, entrevistas, fragmentos, etc. (2001, Record)
 Cartas perto do coração – correspondência com Clarice Lispector (2001, Record)
 Cartas na mesa – correspondência com Paulo Mendes Campos, Otto Lara Resende e Hélio Pellegrino (2002. Record)
 Os caçadores de mentira (2001, Rocco)