Editorial

Escrever é desvendar as experiências em que se vai reconhecer e recriar, desvendar as palavras, organizar o pensamento para iluminar nossa compreensão da vida e de nossas posições no mundo. A escrita é uma bolsa de relíquias onde podemos entender a alma do ser humano, onde podemos nos libertar através de palavras.

Bolsa de relíquias é o significado da palavra que dá nome a este blog. ‘Nômina’ sintetiza o trabalho dos jovens escritores que têm aqui seus textos publicados.

Apresentamos-lhe vários trabalhos que vão de painéis de grandes escritores brasileiros, passando por resenhas sobre uma das maiores e mais polêmicas cantoras da atualidade, artigo sobre o filme onde o protagonista é obcecado pela escrita; relatório sobre o texto de Ângela Torres Lima; entrevista com um funcionário da Faculdade de Letras da UFMG sobre seu conhecimento literário; texto com o tema ‘o trabalho’; ensaio fotográfico do ambiente onde os alunos participam do curso de Letras; texto contando a experiência de cada integrante do grupo com a Oficina de língua portuguesa ministrada pela Professora Doutora Vênus Brasileira Couy até artigos sobre literatura, música, sobre a arte de escrever.

Esta bolsa está aberta, você perceberá muitas qualidades em diferenciados tipos de textos, trabalhos que de forma sutil buscaram expressar a arte de escrever. Esperamos que goste das nossas relíquias!

sábado, 9 de junho de 2012

Texto produzido na Oficina: Rúbia Mara

Texto 01:
Produzido a partir do poema  “Caso do vestido” de Carlos Drummond de Andrade.

O viajante e as paradas


Ainda em nossos dias, casos como o do vestido tornam a se repetir, há uma  Discrepância no que se refere a forma como os relacionamentos afetam homens e mulheres.Ser homem é ser viajante na estrada da vida, agem muitas vezes por instinto como se fossem animais irracionais. Conhecem uma mulher, tem filhos com ela e independentemente desses laços, quando se cansam decidem partir. O plano é simples:Pagam uma pensão para não serem presos, seguem seu caminho e... Fazem mais filhos.Eles simplesmente vão, deixam tudo e nem olham para trás. De herança deixam mulher sem marido e filhos sem pai.A mulher por sua vez fica lá atrás com as lembranças e com a herança: Filhos, contas, estrias, celulites... Etc. E ainda que decida seguir em frente, a lentidão com que caminha é notável; Afinal carrega em seus ombros o “peso” que era para dois carregarem.Enquanto o viajante embora já tenha cinquenta anos, vive como se tivesse vinte.Ora passa a noite aqui, ora passa a noite ali. Assim em pleno séc. XXI muitas mulheres ainda são “a parada da vez”. E mesmo que comprem perfumes e se vistam de flores têm que suportar o mau cheiro que um viajante qualquer lhe deixou impregnado na alma.

Referência: 

ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e Prosa. Poema “O caso do vestido”. p.127
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Texto 02:
Produzido a partir da música “ Eu despedi o meu patrão” de Zeca Baleiro.

Vida de patroa


Depois de muito tempo encontrei uma amiga dentro do ônibus, ela falava de sua vida e seus amores. No meio da conversa me falou do seu trabalho, era empregada doméstica e a patroa era uma megera, era daquelas que jogava comida no lixo, pois tinha dó de dar para os outros.O tempo foi passando e essa amiga se enfezando com as loucuras da bruaca, chegava na casa dela lavava uma louça aqui, passava uma roupa ali até dar a hora da patroa sair para o trabalho. Assim que a mulher saía ela almoçava, acendia um cigarro e tirava um cochilo. A amiga foi ficando mal acostumada e o que acontecia uma vez ou outra, agora já era um hábito. Gostou da vida de madame.Até que um dia a patroa resolveu chegar  em casa mais cedo, procurou na cozinha, na sala e até no banheiro e nada de encontrar a empregada, quando entrou no quarto lá estava ela... Esparramada em sua cama, cinza de cigarro em sua xícara inglesa e babando em  seu travesseiro. Acordou assustada com o chilique da madame e quando se viu no aperto esqueceu a vergonha e deu um chilique maior ainda, falou nada com nada, mais gritava que explicava. Tamanho foi seu show que a patroa estupefata ficou ali na sua frente paralisada, e ela... Empinou o nariz e saiu resmungando:- Nunca vi tamanha falta de educação acordar os outros desse jeito, pegou a bolsa e já na porta acrescentou: - Estou até passando mal de tanto sono, estou indo embora e amanhã não venho trabalhar. Na segunda-feira eu volto, se a senhora quiser eu até  trabalho, mas se não eu volto assim mesmo pra senhora me pagar.

Referência:   
BALEIRO, Zeca. Eu despedi o meu patrão. In_Pets hgo mudação. Manaus: Abril Music, 2005.                                                              

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