Texto 01:
Produzido a partir do poema “Caso do vestido” de Carlos Drummond de
Andrade.
O viajante e as paradas
Ainda em nossos dias,
casos como o do vestido tornam a se repetir, há uma Discrepância no que se refere a forma como os
relacionamentos afetam homens e mulheres.Ser homem é ser
viajante na estrada da vida, agem muitas vezes por instinto como se fossem
animais irracionais. Conhecem uma mulher, tem filhos com ela e independentemente
desses laços, quando se cansam decidem partir. O plano é simples:Pagam uma pensão para
não serem presos, seguem seu caminho e... Fazem mais filhos.Eles simplesmente vão,
deixam tudo e nem olham para trás. De herança deixam mulher sem marido e filhos
sem pai.A mulher por sua vez
fica lá atrás com as lembranças e com a herança: Filhos, contas, estrias,
celulites... Etc. E ainda que decida seguir em frente, a lentidão com que caminha
é notável; Afinal carrega em seus ombros o “peso” que era para dois carregarem.Enquanto o viajante
embora já tenha cinquenta anos, vive como se tivesse vinte.Ora passa a noite aqui,
ora passa a noite ali. Assim em pleno séc. XXI muitas mulheres ainda são “a
parada da vez”. E mesmo que comprem perfumes e se vistam de flores têm que
suportar o mau cheiro que um viajante qualquer lhe deixou impregnado na alma.
Referência:
ANDRADE,
Carlos Drummond de. Poesia e Prosa. Poema “O caso do vestido”. p.127
_________________________________________________________________
Texto 02:
Produzido a partir da música “ Eu despedi o meu
patrão” de Zeca Baleiro.
Vida de patroa
Depois de muito tempo
encontrei uma amiga dentro do ônibus, ela falava de sua vida e seus amores. No
meio da conversa me falou do seu trabalho, era empregada doméstica e a patroa
era uma megera, era daquelas que jogava comida no lixo, pois tinha dó de dar
para os outros.O tempo foi passando e
essa amiga se enfezando com as loucuras da bruaca, chegava na casa dela lavava
uma louça aqui, passava uma roupa ali até dar a hora da patroa sair para o
trabalho. Assim que a mulher saía ela almoçava, acendia um cigarro e tirava um
cochilo. A amiga foi ficando mal acostumada e o que acontecia uma vez ou outra,
agora já era um hábito. Gostou da vida de madame.Até que um dia a patroa
resolveu chegar em casa mais cedo,
procurou na cozinha, na sala e até no banheiro e nada de encontrar a empregada,
quando entrou no quarto lá estava ela... Esparramada em sua cama, cinza de cigarro
em sua xícara inglesa e babando em seu travesseiro.
Acordou assustada com o chilique da madame e quando se viu no aperto esqueceu a
vergonha e deu um chilique maior ainda, falou nada com nada, mais gritava que
explicava. Tamanho foi seu show que a patroa estupefata ficou ali na sua frente
paralisada, e ela... Empinou o nariz e saiu resmungando:- Nunca vi tamanha
falta de educação acordar os outros desse jeito, pegou a bolsa e já na porta
acrescentou: - Estou até passando mal de tanto sono, estou indo embora e amanhã
não venho trabalhar. Na segunda-feira eu volto, se a senhora quiser eu até trabalho, mas se não eu volto assim mesmo pra
senhora me pagar.
Referência:
BALEIRO, Zeca. Eu despedi o meu patrão. In_Pets
hgo mudação. Manaus: Abril Music, 2005.
Nenhum comentário:
Postar um comentário