Editorial

Escrever é desvendar as experiências em que se vai reconhecer e recriar, desvendar as palavras, organizar o pensamento para iluminar nossa compreensão da vida e de nossas posições no mundo. A escrita é uma bolsa de relíquias onde podemos entender a alma do ser humano, onde podemos nos libertar através de palavras.

Bolsa de relíquias é o significado da palavra que dá nome a este blog. ‘Nômina’ sintetiza o trabalho dos jovens escritores que têm aqui seus textos publicados.

Apresentamos-lhe vários trabalhos que vão de painéis de grandes escritores brasileiros, passando por resenhas sobre uma das maiores e mais polêmicas cantoras da atualidade, artigo sobre o filme onde o protagonista é obcecado pela escrita; relatório sobre o texto de Ângela Torres Lima; entrevista com um funcionário da Faculdade de Letras da UFMG sobre seu conhecimento literário; texto com o tema ‘o trabalho’; ensaio fotográfico do ambiente onde os alunos participam do curso de Letras; texto contando a experiência de cada integrante do grupo com a Oficina de língua portuguesa ministrada pela Professora Doutora Vênus Brasileira Couy até artigos sobre literatura, música, sobre a arte de escrever.

Esta bolsa está aberta, você perceberá muitas qualidades em diferenciados tipos de textos, trabalhos que de forma sutil buscaram expressar a arte de escrever. Esperamos que goste das nossas relíquias!

domingo, 10 de junho de 2012

Textos produzidos na Oficina: Úrsula Aparecida

Texto 01:
Conto produzido a partir do conto “Diálogo entre um padre e um moribundo” de Sade.

Como se corromper
De um salto me levantei, ao ouvir impropérios vindos da saleta ao lado.
Não tive coragem de abrir a porta, então me pus a espiar pelo buraco da fechadura, e para minha surpresa lá estava ele, o padre Pedro e aquele condenado, que eu sei lá o nome, tinham também como companheiras  moças nuas que dançavam como que em um transe.
Ó, quem diria, aqueles olhos doces, aqueles lábios que antes oravam, agora beijam ferozmente os seios, os ventres, as coxas daquelas pecadoras.
Gemidos de prazer ecoavam por entre as paredes, os corpos muito unidos, hora sobre a mesa, hora no chão gélido, contrastando com tamanho calor que emanava visivelmente.
As moças se contorciam de prazer quando tocadas entre as coxas, assim como o padre e o moribundo, insaciavelmente.
Vi me tão envolvido, com as pernas trêmulas, abrindo a porta finalmente me deixei corromper.

Referência:

_______________________________________
Texto 02:
Produzido a partir da música “Eu despedi o meu patrão” de Zeca Baleiro.

Meu querido ex- emprego


Gostaria de saber   

Como pode coisa assim   
A gente acorda cedo   
Pega ônibus lotado    
Mas ninguém tem pena de mim    
E ainda para piorar    
Ao chegar no escritório   
Deparo com aquelas caras   
Que vou falar   
Mais parece num velório      
Como se ainda não bastasse   
Tudo que faço parece pouco   
Quer saber de uma coisa   
Vê se me erra    
E vai procurar outro tolo.


Referência:
BALEIRO, Zeca. Eu despedi o meu patrão. In_Pets hgo mudação. Manaus: Abril Music, 2005.

Nenhum comentário:

Postar um comentário